quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Trier



Ontem apanhei o comboio e fui até Trier. É uma cidade cheia de vida e movimento. Está a decorrer no museu da cidade uma exposição temporária dedicada a Constantino e aos seus feitos, e a Porta Nigra, ao lado do museu, olha magistralmente para a praça cheia de gente.

Something old, something new

Hoje não fiz nada de especial para ficar na história exceptuando o facto primordial de ser, como todos, um dia especial. Por vezes penso nas bençãos que tenho, nas que perdi, nos ganhos e perdas do passado e presente e também nos do futuro que a seu tempo virão e nada tenho a declarar a não ser que os momentos de perda foram de uma forma parodoxal pontes e condições para o que ganhei, e isso pode ser tão simplesmente a completa consciência da impermanência das coisas.

terça-feira, 23 de outubro de 2007




Uma das salas do museu é dedicada aos niggers (Artista: Glenn Ligon) 'Fala-se' dos problemas que os negros enfrentam, sendo que o que vou referir de seguida não será propriamente um problema. Ou talvez seja. Bom, antes de me atrapalhar e meter os pés pelas mãos, a coisa reza assim mais ou menos.
Estão uns negros reunidos em cima da ponte. O que vão fazer? Ora, estamos aqui, let's pee. Ok, bora lá. Diz um; a água está fria! Secunda-o outro: E o rio é fundo!
O mito (será urbano?) do tamanho fálico nos negros em todo o seu esplendor.


O museu




A arte moderna...Hei-de falar disto, como leiga e sem pretensão a falar de cátedra, apenas com o direito de falar do que as minha percepção me transmite, sem que tenha de trazer à colação conhecimento de causa que não tenho, não de forma aprofundada. De fugida, digo que há coisas que admiro bastante, pela capacidade de misturar o novo e o antigo, de inventar novas formas de olhar, de quebrar preconceitos, de testar limites.
Gostei particularmente de uma obra que era uma espécie de capela gótica, em metal, preto, naturalmente, e bela de tantos vitrais que tinha, e estranha por ter imagens de esqueletos, intestinos. Lido assim, escrito assim, até eu me espanto. Na verdade só vendo e filtrando. As imagens eram subtis e o conjunto era de uma surpreendente beleza.

Perto do Mudam

Ontem fui ao MUDAM - Museu de Arte Moderna Grand-Duc Jean. Saí do meu poiso sem destino previsto, caminhei à espera de inspiração, deixando-me guiar pelo vento e por um esquecimento de tudo para além do presente. O presente é um presente, a gift, já viram? Vejo uma placa a indicar MUDAM, volto à esquerda, vejo um edifício com umas bandeiras e entro com este descaramento ingénuo, dirão uns que é propositado, mas eu não digo e pergunto: Is the Museum here? Non, ici c'est le Court de Comptes, ou algo assim. Ah...et je peut entrer un peut? Oui, mais seulement ici. Merci.
Nada para ver. Uma ala com fotografias, um café já fechado e o resto é espaço reservado. Recolho o bilhete de identidade e aí vou eu, à droite, madame, le musée est à la droite.

domingo, 21 de outubro de 2007



Hoje um chocolate quente e um livro no bar do museu e depois concerto de música cigana, no Museu de história da cidade do Luxemburgo.
Na verdade é mais para o alegre que para o cigano; mas como está a decorrer uma exposição sobre a vida dos ciganos, anunciou-se música cigana. Digo eu, que estou aqui de passagem.

Cidades europeias da cultura II

"Contribuir para a aproximação dos povos europeus" foi o objectivo da iniciativa criada em 1985 com o nome "Cidade Europeia da Cultura".
Este ano a iniciativa está presente em duas cidades da União Europeia: Luxemburgo e Sibiu, ambas caracterizadas pela riqueza do seu património histórico e pela multiplicidade cultural.

Em 1999, o Parlamento Europeu e o Conselho definiram os critérios a que as cidades devem obedecer para se candidatarem a Capitais Europeias da Cultura.
Para se candidatarem, as cidades deverão apresentar um projecto cultural de dimensão europeia, que valorize a sua cultura e o seu património cultural próprios, bem como o seu lugar no património cultural comum.

(aqui)

Cidades europeias da cultura

Sibiu, na Roménia, e Luxemburgo cidade foram eleitas em 2007 capitais europeias da cultura.
A talhe de foice diga-se que é a segunda vez que a cidade do Luxemburgo é nomeada e a primeira vez que uma capital europeia recebe duas vezes a nomeação. 1995 e 2007.

Desta vez a candidatura alargou-se a algumas regiões vizinhas, abarcando uma área com cerca de 11 milhões de habitantes:

- Todo o Grão-Ducado do Luxemburgo;
- As comunidades francesa e alemã da Bélgica;
- A região de Lorraine, em França;
- Rhineland-Palatinate e Saarland na Alemanha.

Incluindo regiões de diversos países, a Capital será um acontecimento além-fronteiras, um dos objectivos propostos na candidatura, que pretende eliminar as barreiras linguísticas e culturais, e encorajar a mobilidade. O programa anual inclui 500 projectos, de todas as áreas culturais, e em cada uma das quatro estações do ano haverá uma celebração especial.

(aqui)

sábado, 20 de outubro de 2007

Os dias III

Uma ida ao Outlet da Villeroy e Boch, uma incursão numa loja de bijouteria, L'atelier, de onde saí com um anel de prata e um desfalque no cartão de crédito e um jantar de gnochhi com espinafres e ricotta num restaurante lindíssimo marcaram o dia. Amanhã? Bom, amanhã vou andar 3 dias a comer no McDonalds.

Os dias II

Com este correr doce dos dias, o levantar-me tarde, o vagabundear pela cidade até me cansar, os filmes a meio dos dias, os museus e os cafés e este dolce far niente que me sabe à vida, não sei se saio do Luxemburgo e cruzo a fronteira até Trier, na Alemanha aqui bem perto, ou Metz, França aqui ao pé. Logo se vê, é bom ter planos mas também é bom não os ter.

Os dias

Folhas caídas no chão que o vento faz rodopiar em dança amorosa ou que aplaca até ficarem coladas à terra. Saio de casa de casaco quente e chapéu, abotoada de cima a baixo, mãos nos bolsos que o frio assim parece mais fácil de suportar. No chão o Outono.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Primeiras horas...

Os primeiros dois dias foram passados a dormir. Quase. Ontem uma ida ao supermercado e à excelente H&M de cá. Hoje, depois de dormir uma noite que se prolongou até ao fim da manhã, sair de casa às 4 da tarde para uma breve incursão à cidade, comprar bilhetes de transporte, ir ao posto de turismo e depois descansar a sede de viver com um café au lait e mapas da cidade na patisserie Namur.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

E agora

vou acabar de fazer as malas. O voo parte às 9.25h.

Aquela varanda

Quase. Daqui a umas horas vou vaguear por essa terra de ninguém, o não-lugar, o aeroporto. Desde miúda me fascina o ambiente das partidas e chegadas que comecei por ver nos livros da Anita e que depois vi ao vivo, quando o aeroporto de Lisboa tinha uma espécie de varanda enorme onde qualquer pessoa podia ir ver descolar e aterrar os aviões e onde eu me comecei a deslumbrar pelas possibilidades que o partir representa.
Mais sereno e disfarçado de contemplação, o deslumbramento continua.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

a viagem

sei que nunca viste o oceano,
que nunca olhaste a onda sobre a onda,
que nunca fizeste castelos para o mar ser forte.

mas sei que já viste o coração das coisas,
que já tocaste a ferida nos nossos braços,
que já escreveste para sempre o nome da terra.

por isso te digo que vou levar-te o mar
na concha das minhas mãos, azulíssimo,
para que nele descubras o meu nome
entre os seixos os búzios os rostos que já tive.


Vasco Gato

So Help me God

Hoje vou saber o veredicto. E nem o médico sabe que deposito nas suas mãos a quase decisão. Digo quase porque para a Companhia Aérea eu vou viajar para a semana. Após envio de documentos da urgência e atestado médico comprovando a situação de baixa, foi aberta, dizem, uma situação de excepção. Bom, espero que, a ter de remarcar, não me sejam levantados obstáculos. Na verdade os motivos que me poderão levar a adiar de novo serão os mesmos que estiveram na origem do primeiro adiamento. Não me está a apetecer nada ir viajar e estar limitada nos movimentos. Uma coisa é uma pessoa viver com limitações e ter que aprender a viver com essa situação; aí tanto quanto me julgo conhecer iria tentar adaptar-me e tentar não ser impedida de fazer uma vida normal por causa das conveniências dos outros ou de embustes sociais; outra é acreditar que posso escolher uma altura que eu julgo melhor para mim. Sei que nada é eterno nem imutável nem mesmo o conceito 'o que é melhor para mim'. E ressalvando que a primeira situação seria muito muito difícil de enfrentar. Que me afaste dela até o pensamento.
Acredito que há motivos para as coisas tomarem um determinado caminho. Seja nesta obscura e aparente coincidência de no dia em que vou gozar uma parte das minhas férias, cair em casa e lesionar-me (palavra toda desportiva, casual chic, sei lá) com uma luxação no ombro; seja no facto que me aconteceu há 2 meses, no prédio: caí na sequência de ter escorregado em cima de 5 litros de detergente líquido entornados no chão de degraus - e dessa vez a única mazela foi uma joelho negro e umas calças rasgadas. Sorte, não foi?
Felizmente estas coisas não me deixaram demasiado desgostosa. Na altura deixaram-me triste mas tentei alcançar o meu lado de paz, aquela Eu que me diz que as coisas devem fluir, nada se deve forçar. Em nada. Que eu continue assim, ou melhor, que me aperfeicoe e constantemente me torne mais sábia. Mas, lá está, nada é de uma vez para sempre. Até pode ser, mas pode não ser. Haja sabedoria, bom senso e paixão. E saúde, já agora.